O Colégio Estadual Benjamin Guimarães completa seu centenário em 2021
- Ana Cláudia Terra
- 8 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de fev. de 2022

Valença é conhecida regionalmente por suas construções arquitetônicas de valores históricos. Construídas no Brasil Império, elas preservam aspectos e fachadas que remetem àquela época. O Colégio Estadual Benjamin Guimarães é considerado um desses bens que transcenderam o tempo, sendo que em 2021 será comemorado o seu centenário. Para compreender seu valor para a cidade e os moradores, é necessário fazer uma viagem ao longo de sua história.
O prédio do Benjamin Guimarães é localizado na Praça Padre Gomes, ao lado da Catedral de Nossa Senhora da Glória, no Centro da cidade. Ele faz parte do Conjunto Arquitetônico Urbanístico e Paisagístico, patrimônio cultural de Valença, tombado desde 2004 pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural).
Sua construção foi iniciada em 1856, época do Segundo Reinado (1840 – 1889). O fazendeiro Antônio Vieira Machado iniciou o projeto, mas devido aos custos, vendeu-o para Visconde do Rio Preto, que logo o concluiu. A propriedade serviu a maior parte do seu tempo como um estabelecimento de ensino para a cidade.
No período de 1867 a 1870, o educandário foi dirigido por Visconde de Lagelouse, sucedido por Zoroastro Augusto Pamplona e concluindo com Cirilo Dilermando da Silveira. O último era provido de um bom prestígio na região, que levou o colégio a receber aproximadamente 200 alunos. Após a morte de Cirilo, o colégio encerrou as atividades.
Em 1885 foram reiniciadas as aulas, sendo em 1891 intitulado o estabelecimento como Colégio Cruzeiro do Sul. No ano de 1896, o Governo Estadual adquiriu o prédio para a instalação do Fórum, mas o projeto não chegou a acontecer. Durante a Primeira República (1889 – 1930), precisamente em 1900, o Governo tentou o retorno das atividades educacionais, criando o Grupo Escolar Alonso Adjunto, mas não perdurou por causa de um incêndio. Por questões econômicas, pouco tempo depois o Governo Estadual fechou os grupos escolares.
Foi em 1919 que o Governo Estadual elaborou um orçamento para abrir um novo educandário, no atual prédio. Ele recebeu o nome de Grupo Escolar Casimiro de Abreu. A obra foi encerrada e o novo prédio inaugurado em 23 de abril de 1921. Após a publicação da Lei 208, no dia 30 de agosto de 1948, foi atualizado para Grupo Escolar Benjamin Guimarães. Uma forma de homenagear um dos grandes pioneiros da Indústria Têxtil em Valença. O Cel. Benjamim Guimarães montou sua primeira fábrica têxtil no município, Companhia Industrial de Valença, após conversar com o representante do comércio local, José de Siqueira Silva da Fonseca, que posteriormente se tornou seu sócio. Com o sucesso em Valença, Guimarães expandiu a empresa para os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Ao longo dos anos, devido aos desgastes do tempo e uso, o prédio sofreu modificações e obras para abrigar a crescente procura dos alunos. Recentemente ele passou por uma grande revitalização, para buscar as origens arquitetônicas imperiais, de sua construção. Em 2021, O Colégio Estadual Benjamin Guimarães está se preparando para celebrar seu centenário, que marca muito além de sua trajetória, mas a história de uma cidade que atravessou por grandes memórias do Brasil.
Atualmente o colégio recebe aproximadamente 440 alunos e cerca de 70 profissionais da Educação, entre professores, inspetores, pessoal de apoio e equipe pedagógica e diretiva. O colégio funciona nos turnos manhã e tarde, e atua nos dois segmentos, sendo eles Ensino Fundamental e Médio. A direção está para a Prof. Márcia Guida dos Santos e Sidney da Silva Pereira, como Adjunto. Márcia, em entrevista, se afirma honrada por integrar ao grupo Benjamin Guimarães, instituição tradicional que embeleza a cidade com sua história e edificação.
“Comemorar esse Centenário em meio a uma pandemia perdeu parte de seu brilho devido à escola estar vazia, porém os inúmeros motivos para celebrarmos esta data ainda se encontram presentes. A comemoração deste Centenário se estende a todos os profissionais da Educação que ali atuaram, aos que hoje atuam assim como às famílias, ex-estudantes, e aos que hoje se encontram em processo de formação”. - Prof. Márcia Guida
É fundamental ressaltar o valor histórico de um prédio com mais de um século de marcos. Além de complementar o conjunto arquitetônico da cidade de Valença, ele influenciou inúmeras pessoas que estudaram e trabalharam ali. Ele cria um belíssimo cenário ao lado da grande Igreja Matriz, bem localizado ao centro do município.
Valença RJ - 2020. Texto criado para a publicação da Revista Vale do Café. Disponível na integra: https://drive.google.com/file/d/1K2qoX5B7Y1D-VDMJnjW-datxLjl6hidZ/view
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